sábado, 30 de abril de 2011

Pobre seres humanos

não amaldiçoeis a ira de Deus!
quem és tu entre os demais?
tens estrelas na tua cabeça?
deixai o tempo tomar conta de si mesmo

não amaldiçoeis a ira de Deus!
consegues tu desfazer disso em um único dia?
abraça-te com teu amor
mas o amor já não encontra-se entre teus fardos

não amaldiçoeis a ira de Deus!
o vento sopra, deixai-o soprar
a chuva te assombra, deixai-a te assombrar
   (não terás brisa nem água para esfriar-te nos teus dias quentes de água ardente)
porque teus dias estão contados.

não amaldiçoeis a ira de Deus!
tolo!
covarde!
és santo?
és puro?

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Cansei!

Cansei!
Cansei de tudo, de tudo mesmo!
cansei de beijar
cansei de transar
cansei de                                   amar
cansei de amaldiçoar tal paixão

Cansei!
Cansei de tudo, de tudo mesmo!
cansei de palavras
cansei de critérios
cansei de obras
cansei de ilusões diárias

do que me vale o mundo?
tal mundo inquieto,
tal mundo feio.
     teus desastres não te derrubam
     tuas águas não te afogam
     nem teu cansaço te sustenta.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Ausência futura

desfaço agora do meu amor
entupu-me de gentileza amargurada
bordo iniquidade em lencóis de pureza
uma levada de brasa ao coração.

ai de mim! ai das minhas transgressões!
agito-me por ausências
balanço-me nestes versos
que tens tu de frívolo que não possais me dar?

Passarinho

passarinho, que tens tu para mim?
o teu azul não me pertence
invejo-te por teres o gozo da vida.

passarinho, que tens tu para mim?
buscai o teu canto por entre as pinturas do vago mundo
vai-te e deixai-me 
             em prantos
                   em nebulosidade.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Judas

saiste do teu abismo
deixaste de contemplar a luz divina.
    oh prazerosa estrela da manhã
    onde resides é onde me perco
    onde amas é onde me tenho
celebraste o gozo dos pobres e infelizes
o teu canto os fazem ser nobres e frágeis
    revela-te diante dos últimos dias
    a tua tolice os condenará
    tuas doutrinas são os teus pagamentos


vagaste no mundo
roubaste a fé de quem é irreconhecível.
    onde estão as tuas asas?
    quão jovem és para voar
    desceste em alta velocidade
ensinaste as crianças a prostituição
não cantemos mais as tuas canções
     espero-te cair em sono
     condenarei os teus afazeres
     teus próprios demônios te partirão ao meio.

  
  

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Meu galardão

mostre-me como sorrir e meus lábios serão teus
pois nada achei
       também nada procurei
estarei de pé e aplaudirei os covardes
saciarei de ódio aqueles que temem o amor
pois nada achei
       também nada procurei

Aurora

e por muito tempo ausente estive
e por muito tempo as flores murcharam
transfigurou-se o belo
amaldiçoou-se a si mesmo.


quantas hierarquias! 
quantos prazeres demoníacos!

Joviais

Hoje canto  
Amanhã choro 
         não repouso-me por alguns dias
         mas sim por eternidade
Ao deitar-me levarei-me por entre os becos sem saída
                   quão formoso és, meu querido exemplar!
                   julga-me porque sou rosa
                   mas não entendes que o rosa te define por inteiro

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Amar-te

porque amar-te é um dom
porque amar-te é orquídea. 
porque amar-te é singelo, 
porque amar-te é nostalgia.

guia-me por entre as águas
soa-me os ventos límpidos. 
mas não tira-me a paciência e a virtude. 
porque amar-te é a minha loucura.