quinta-feira, 28 de julho de 2011

Vão embora vão



Eu só quero fumar o meu boró em paz.
sem policia, sem o trânsito das luzes vermelhas.
Que coincidência, meu irmão: as luzes vermelhas também são os meus olhos!


E só fogo os meus olhos enxergam.
E enxofre.

Porque essa vida é tão mal feita?
eles não me deixam fumar em paz no botânico ar do meu peito,
onde o pulmão se apaixona loucamente 
pelas plantinhas da lentidão de minha memória. 
Uma união e só.

Quanta polêmica em torno de uma selva, Jesus!

E quando o corpo para de se suicidar,  meu Deus?
Quando é que esse riso contagioso vai se tornar uma lágrima?
Eles me prendem como se eu fosse um animal.
Olha lá, hein? Eu sou um ser vegetal!

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Uma rodovia, três caminhões


Sabe quando a gente se sente livre? Pois é, eu estou me sentindo exatamente assim. Livre de tudo. Livre dos meus problemas, livre da minha família, livre das minhas loucuras. Livre do mundo. E então veio aquele sorriso bobo em meu rosto, e aquelas bochechas coradas, e aquelas palavras de beatitude, e aqueles gestos alegres, e um simples beijo molhado. Um beijo lunar. É, eu acho que encontrei o amor. E foi do outro lado da rua... 

terça-feira, 12 de julho de 2011

Uma carreira (quase) brilhante


Eu sou extremamente negativo. Não sei de onde veio essa negatividade toda. Às vezes sinto como se tudo fosse passageiro. Mas não é. Tudo corre, tudo se apressa. E de tudo sinto medo. Eu tento fazer demais, saber demais, sentir demais e... BOOM!!! Tudo desmorona. É como se todas as chances estivessem sido aperfeiçoadas naqueles instantes de  júbilos. E é como se todos estivessem sorrindo para mim. De repente tudo é cinza. Tudo é opaco. Tudo é feio. E arte. Eu não sinto mais nada dentro desse coraçãozinho. Quanta preguiça de entender o mundo! Mas diga-me: quantas interpretações de vista esse tal mundo tem? As pessoas não demonstram cor alguma em seus olhos. Suas lâmpadas estão mortas assim como as suas eletricidades. Os meus males estão sendo cavados e desenterrados e prestes a vagar no mundo mais uma vez. 


E eu sei que irei pagar por tudo o que tenho feito. Eu deveria temer a isso. Eu deveria. Mas ainda insisto em antecipar os pecados, em torná-los mais suculentos, em bebê-los como se fossem água. Mas não é água que desce pela minha garganta. É algo amargo, envenenado de opressões. Algo estragado. Aí é quando eu grito e abro as minhas janelas e jogo tudo pro ar. Aí é quando eu me sento em qualquer esquina e espero uma ventania forte para arrastar a vida e tudo o que tomei posse. Meus pais dizem que eu tenho várias coisas ruins dentro de mim. Até agora só encontrei uma: o coração.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

03/07/2001

Para Vivyane Lopes, Rute Gonçalves, Carina Pereira e Filipe Caju
Com amor,




"Amados, se o nosso coração nos não condena, temos confiança para com Deus; e qualquer coisa que lhe pedirmos, dele receberemos, porque guardamos os seus mandamentos e fazemos o que é agradável à sua vista." (1João 3:21-22)

Calafrios. Assombramento. Dúvidas. Indecisão. Eu agreguei todos esses sentimentos à minha alma. Eu estava sendo injusto comigo mesmo. Eu que maldizia as minhas reações, as minhas fases temporárias, as minhas tribulações, o amor. Justo eu que maldizia os amigos, os períodos da vida, os bons tempos, o amor. Eu que tudo maldizia. Mas eu que nada sabia. Eu estava cansado das longas estradas das quais eu pus o pé. Eu estava ofendido com o meu próprio ser. Eu não tive o apetite de entender-me com o mundo e com todas as coisas relacionadas à ele. Eu estava fraco. Eu chorava. Eu gemia. Eu entreguei-me aos prantos, ao luar do anoitecer de uma era grotesca, sombria, demoníaca. Uma era pagã. Eu era praticamente um nada, quer dizer, um zé-ninguém. Enfim, eu almejava todas as coisas ruins que eu mesmo criei para mim. Até hoje, então. Até hoje.



" Porque quem quer amar a vida e ver os dias bons, refreie a sua língua do mal, e os seus lábios não falem engano; aparte-se do mal e faça o bem; busque a paz e siga-a." (1Pedro 3:10-11)

Vede, irmãos. Eu fui convidado para fazer uma caminhada com alguém. Enquanto caminhávamos, existiam dois caminhos à minha frente. Uma coisa eu percebi: os caminhos eram completamente diferentes um do outro. Um estreito. Um largo. Um aromático. Um malcheiroso. A vida estimulando-me uma vez mais. Indaguei as palavras. Indaguei os momentos. Olhei fixamente para os dois caminhos e meu indicador assetou para o largo e  aromático. Então, o homem perguntou-me: "Por que escolheste tal caminho?" Eu o respondi: "Porque este parece-me mais confortável, mais confiável, mais prazeroso." E foi assim que acabei por trilhar o caminho largo e aromático. E com uma última palavra, o homem despediu-se de mim: "Vai-te. Escolheste o que tens em mão. Escolheste o teu próprio caminho." Que caminhada confusa, eu pensei comigo mesmo. E fui-me. O caminho pareceu-me fácil, claro. Conheci muitas outras pessoas, fiz novas amizades, conquistei outros corações, ausentei-me das minhas obrigações e dediquei-me totalmente aos meus passos. Eu demonstrava total felicidade, total confiança. Certo dia, os amigos convidaram-me para praticar coisas detestáveis aos olhos de Deus. E pratiquei. Bebi, fumei, prostituí-me, droguei-me e compartilhei os prazeres da carne com outros homens. Surgiram blasfêmias, maldições, rompimentos amorosos. Eu não consegui controlar-me. A carne, porém fraca, gritava por deleites. Até hoje, então, até hoje.


" A língua também é um fogo; como mundo de iniquidade, a língua está posta entre os nossos membros, e contamina todo o corpo, e inflama o curso da natureza, e é inflamada pelo inferno." (Tiago 3:6)

Eu precisei de um tempo. E de mais um tempo. E de um bocado de tempo. Precisei de um momento de solidão, de uma reflexão que mudaria os meus objetivos. Olhei em volta. Onde eu estava querendo chegar? Quantas portas deveriam ser abertas? Quantos pecados eu ainda iria cometer? Quantas vidas ainda iriam prejudicar-me? E quantos amigos iriam induzir-me ao mal, ao cúmulo da burrice? Olhei em volta novamente. Por que os meus pais não sentiam orgulho de mim? Por que tudo parecia estar desabando rapidamente, em um piscar de olhos? Por que ninguém respondia às minhas orações? Olhei em volta mais uma vez. O que eu sou? O que eu fiz comigo mesmo? Maldito seja eu e meus prazeres. Maldito seja o mundo por abrigar-me, por acolher-me com tanta voracidade, com tanta dor. Eu não estava querendo ser eu. Eu queria vestir-me no corpo de outra pessoa de tanta vergonha que eu sentia dos meus atos. Eu queria enfiar-me em um abismo e contemplar a escuridão. Talvez eu quisesse morrer. Covardia, não? Algo faltava-me. Algo bom, algo celestial. Tudo fazia sentido após a escolha do meu caminho. Tudo fazia sentido.


" Irmãos, se algum de entre vós se tem desviado da verdade, e alguém o converter, saiba que aquele que fizer converter do erro do seu caminho um pecador, salvará da morte uma alma e cobrirá uma multidão de pecados." (Tiago 5:19-20)

Desisti de tudo. Desisti de tudo mesmo. Até de minha misera fé. Até dos meus confortos. Aquele vazio assombrava-me e embrulhava-me o estômago a noite inteira. Eu não sabia qual era o motivo de eu sentir-me tão minúsculo. Dessa vez eu não olhei em volta. Eu resolvi agir. E com pressa. Meu coração estava prestes a pular de meu peito. As coisas estavam ficando menos complexas, menos escuras. Eu procurei salvar-me daquele rebanho. Eu não queria amigos, eu não queria família, eu não queria nada. Eu só precisava ter uma conversa com Deus. E que conversa, irmão! E que resposta! Tranquei-me em meu quarto aos prantos, clamando por misericórdia, soluçando. Orei. Orei por alguns minutos. Orei com segurança. Senti-me livre. Mas pequei. Pequei novamente. Então, não decidi ter uma conversa com Deus em minha casa, no meu quarto. Eu fui até a Sua casa, bati em Sua porta. Educadamente entrei. Sentei-me. Insegurança... Revi alguns amigos. Escutei Sua Palavra. Aquele mesmo vazio que assombrava-me e embrulhava-me o estômago durante a noite estava sendo preenchido por algo que eu não sabia distinguir, algo superior a mim e a todas as coisas que eu faço. Ou melhor, a todas as coisas que eu fazia. Prendi o choro. Senti-me um pouco vergonhoso ao ter que admitir que eu iria chorar ali na frente de todos. Não chorei. Passaram-se horas e três irmãos convenceram-me a unir os laços com o nosso Senhor, Jesus Cristo. Eu não queria. Eu o tinha negado três vezes, assim como o nosso irmão Pedro. Mas no fundo eu queria, sim. Um fato curioso, indefinível, raro: uma senhora que estava sentada a minha esquerda olhou-me fixamente, seriamente e disse-me: "Jovem, não deixe nada para amanhã, faça tudo hoje." E disse-me mais. Eu só lembro-me dessa curta e amorosa frase. Na mesma hora eu temi. Temi a Deus, temi a tudo que O envolvia. Tremi por dentro, suei frio. E discretamente, levantei-me com fé e caminhei até o altar. O céu estava em festa, irmãos. Minha alma estava sendo libertada, meus pecados perdoados, a minha árvore frutificando. E foi assim que generalizei-me. Foi assim que conheci o caminho, a verdade e a vida. Agradeço, irmãos.

Uma última nota: Daqui pra frente tudo irá mudar. Mas a batalha entre os céus e o inferno está apenas começando.