sábado, 25 de agosto de 2012

O lado rosa do amor

     
        Quando eu morrer, não quero velas. Para onde irei não há necessidade de fogo, estarei repousando. Nos últimos dias de minha vida, quero os meus homens poderosos e literários. Todos livres e modernos, condenados pelos seus bens materiais. Ainda que o sol se esconda, todas as estrelas cairão por terra, os anseios para um povo melhor serão cumpridos. E os ricos e fracos, e a raça ralé, e toda a imundice do mundo, confortarão o meu peito. 
       Amigos queridos, não digam que sentirão saudades, porque o que se faz do amor, se tem por inteiro;  não dividi-se em partes. Sabem que amor é vaidade, obra da carne. Amor tem sido questionado, amor diferente do amado. Ai dos que amam, puros e inocentes, porque a inveja vive nos demais olhos contentes. 

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Migalha


Me calar é um crime. Para cada homem que amei, uma porrada de cana e muita maconha enxuta. Eu vou por aí, deliberadamente, com a intenção de enganar ou não. Muita violência, bebedeira e um pouco de sexo seguram a minha trama bem escrita. Estou aqui só de passagem, deixo-me ciente das implicações afetuosas. Santifico-me diante do Pai, não tenho conhecimento de alguma coisa. Mas guardo centenas de homens dentro deste pobre coração. E posso dizer que sou cabra macho: acordo cedo, café fresco na mesa, banho frio, casa limpa e homem ausente, servindo o restante da classe social.

domingo, 12 de agosto de 2012

Éden


Sempre imagino Deus nos olhando. Cada fracasso, cada desânimo, cada cobertura. Nos meus dias de sono, quando os céus se queimam, mostro-me humilde diante do Senhor. E como qualquer outro homem fraco, sei de meus pecados. E Deus insiste em entrar aqui em casa, onde todas as portas são difíceis de desemperrar. A alma nega, no entanto, que sua grave crise tenha se dado bem nas suas quantidades. E o homem destrói, constrói e enterra. São azedos, amigos e necessitados. Cada um veste o que quer. Gritam, amam e desgastam-se. Que Deus nos joga no mundo e nos deixa por tão pouco tempo? Bandeira branca para os que serão saciados. 

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Peste


Engraçado, ando perdendo muitos amores neste ano. Chateio-me com os meus entusiamos, estão cada vez mais atraentes. É fascinante observar como, num espaço tão pequeno, eles conseguem destruir tantas coisas ao mesmo tempo. Sem dor. Tudo muito rápido, muito desanimado. E eu não preciso esperar muito para me dar conta do que pedi. Se um amor se vai, recebo dois em troca. Existem muitas outras diversões para o homem, estamos em processo de evolução. O que acontece é que, para mim, não há amor em fartas doses, os sentimentos que captam o que se passa sempre terminam. Como um tal amor de faculdade. Como um tal moço que insiste em dizer que é moço. Ora, não vejo razão para tanto amor. Se um dia eu o encontrar, o direi que, para evitar um subterfúgio, o álcool era-lhe uma fuga. Aqui existo há pouco tempo, com mais inteligência. Sem amor. Com obediência. 

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O Vizinho




O menino se foi

Cambaleei sozinho


Sacoleja o coração

Nas entranhas do mocinho


E faz-se amor distante

Debaixo de vara, com o vizinho.