quinta-feira, 19 de abril de 2012

Cabeça


É meu, só meu. Não é literatura, é nudez. Não é escárnio, é decência. Enquanto for meu, é coisa simples, é coisa do mundo. E se não for meu, é coisa simples, o impulso é o mesmo. 


quarta-feira, 18 de abril de 2012

Saudações!



Aventurei-me no amor, suavizei as cores. Pus-me a pensar, quis receber amor como quem recebia dinheiro. Acolhi a vida, deixei de lado a maconha, comprei salgadinhos; estou em pecado. Nos verões de minha cidade, passo a tarde debruçado sobre mesas. Engasguei-me com mágoas e palavras incertas, o mundo parecia-me coerente. Sinto falta de minha mãe. Nas ruas sebentas do meu Recife, assisto à velhinhas, observo seus murmúrios; é ausência de mãe. Adio o dia de hoje, ocupo-me com vaidades, estou quimicamente tratado. Pode vir algo bom de mim, estarei repousando.


terça-feira, 17 de abril de 2012

Articulação


Querido, já debrucei-me na janela com dois cigarros na boca, um copão de café na mão e pastilhas fervorosas.  São coisas pelas quais já passei, mas ainda é novidade o que vem de ti. Separei uma beira para os teus livros, a outra é para as minhas descobertas.

sábado, 14 de abril de 2012

Ciências



Amo acidentalmente. Amo por deparar-me com gente suave. Em cada amor há uma exceção, são coisas desnecessárias, vagabundas; o amor não tem de quê. Porque a vida cisma, não temos tempo para aglomerações amorosas. Eu, eu que nada sei sobre o amor, ando paciente, observo as miudezas deste mundo. Pois, não é o amor a impressão mais pura e moderna? Eu cheguei por último, estou abrindo os caixotes.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Meu branco


Conheci um sorriso largo. Subi um degrau. Sinto cheiro de abóbora, os corredores estão alinhados. Os cabelos são ondeados, o queixo é de macho. Quando as línguas se embrulham, os ferros não rasgam. Em meio aos corpos ou nas horas em que necessito de um café, eu cheiro a folhinhas. São registros numerados, são escadas, são banquinhos, são árvores. Nestas coisas há amor, nestas coisas que são feitas de dois.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Um breve discurso

Acabou. Nada de babaquices, nada de encantos. Te amei de tal maneira que apaguei todos os meus cigarros, estranhei o meu conforto. Deixei amigos, bares, conversas de adultos; assédios, ameaças. Mas as tuas recordações vão passar de leve nos corredores, banheiros; nos aposentos de minha faculdade. Teus olhos me estranharam, a tua cabeça grande não imagina.