segunda-feira, 18 de março de 2013

Quando fores dormir


Quando fores dormir, lembra-te dos dias em que te segurei. E amanhã terás pão e água, herdarás a palavra, atenta para os teus passos. Lembra-te dos beijos que cresceram em entendimento, pequenos e desprezados, mas livres e puros dos corações impiedosos. Os teus berros, as tuas astúcias, acima de todas as perturbações. Lembra-te do meu aniversário, das lembranças abreviadas. Digo, porém, os afastamentos, não os teus, mas os dos outros. Lembra-te também das muriçocas sendo de novo geradas, debaixo das cobertas, pelo ciúme que se estende entre um gole de café e um maço de cigarro. Mas quero lembrar-te, como a quem já uma vez lembrei, que, ao amar-te, estarei passeando no inverno, para que me acompanheis aonde quer que eu for.

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