terça-feira, 19 de junho de 2012

CARTA PARA MARIA RITA

         
         "Querida Maria, não se desespere. Não guardo mágoas por você ter dito que eu o amo. Sinto-me totalmente aliviado com sua ousadia. Menina pequena, você soube traquinar bem. A culpa é minha por ter confiado em você, eu sou carente de confiança. Eu te honrei. E quando soube que tudo estava confuso, não precisei chorar. 
       Lembro-me quando te confessei que eu o amava, você prometeu conversar comigo. Mas também disse que o cara era chato, ele iria ignorar qualquer gesto meu. Maria, são complicações que vêm do amor. E os meus amores nunca foram educados, um sempre superava o outro. Mas fiquei triste por nossa amizade, por não ter mais tempo para você. Não quero que se distancie, mas que fique ciente de que você me matou. Ao menos seja gentil e admita que mentiu para si mesmo. 
         Você ainda não amou. Também nunca namorou sério, creio eu. Você é bobinha, não saberia controlar tanto amor assim. E sei que um dia você vai se esconder quando amar, te escrevo por experiência própria. E Maria, não se esqueça de que você me impediu de presenteá-lo com os meus escritos, o que me deixou com vontade de te dar uma surra. Mas como tenho tanto amor pelo branquelo, fiz questão de não aproximar-me de ti. 
         Agora que fizeste coisa ruim, podes ter certeza que o mal vai te fazer moradia. Porque se destruíres outro amor, com qual coração tu vais amar adiante? Já não basta o que fizeste ao meu? Ou tu achas que os amigos dele vão me sustentar quando eu estiver em prantos pelos corredores? Se não queres viver no mundo, não sou eu que vou viver por ti. 
         Preciso beber um pouco mais. Depois de uns meses, quando ele estiver longe, voltarei a conversar contigo. Sentaremos na cantina. Menina modesta, te desejo sorte. E que você o diga que eu o amo loucamente – já que não sou homem de tanta coragem. E lembre-se: você destruiu um amor, vai ter sorte no jogo."

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