Quero ir para São Miguel
onde os becos cheiram a fumaça
onde a mobília nova, envelhecida ao redor
faz pareia com a praça
Quero ir para São Miguel
onde machucam o cimento e cultuam a tragédia,
onde as cores tumultuam as cabeças
e os gritos secam toda a superfície das palavras
Quero ir para São Miguel
habituados ao convívio mundano,
[As relações entre as pessoas e seus bichos]
Abeirados pela ousadia, gentalha que é mano
Ora, invenção dos doidos:
São Miguel não se exalta,
canta para o pobre
que dorme no caixote
sob o céu empoeirado
pela brevidade de um cigarro
que prende
que puxa
mas não solta.
Não é pecado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário