quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Entra sem bater


eu quero uma casinha coberta de palha
eu quero uma bicicleta pra enfiar a roda no mundo
eu quero um radiozinho sem pilha, reciclável
 com muita música para ausentar-me desse fuzuê 
e quero um terreno só meu
 sem nenhum tipo de flor
quero um medidor de terra
também quero um céu só meu
 sem estrelas, sem luar, sem fulgor
também quero viver, dar umas boas gargalhadas e viver
viver desacompanhadíssimo 
viver perambulando por aí
quem sabe eu não encontre um cão sem dono
 eu quis dizer, um outro cão sem dono
e não quero lápis, caneta e papel
não quero romances
não quero versos ou letreiros
não quero poetas, linguistas, gramáticos e gramatiqueiros
só quero piscar os olhos de relance
já me iludi o bastante
 ao ponto de não ter fé em coisas incertas
 de esbanjar-me folheando dicionários
eu só queria poder dizer: 
mais amo do que bebo
então, contristaria-me, não desceria do salto.



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