sábado, 15 de outubro de 2011

Cisma


O que é a morte? Meus caros amigos cientistas e estudiosos não conseguiram definí-la por inteiro. Sempre falta algo, até nos dicionários que encontrei jogados aqui em casa. O que é morrer? Morrer? Morrer e ir aonde? Ou melhor, morrer e ir pra onde? Quanto tempo se leva até tudo se tornar mais árduo? Se morrer for bom, que os defuntos os digam! Tantos já se foram, tantos ainda estão aqui. Ouvi dizer que morrer é a única certeza que temos desta vida. Mas, e a vida eterna? É pós-morte? Às vezes, sinto-me incapaz de entender coisas tão claras. Então, te pergunto mais uma vez: o que é a morte? Nossa alma padece por aí quando morremos? E aqueles que nem alma têm? E aqueles que não sentem nada? Pra onde vão? Pra onde vão as sementes ruins da Terra? E os covardes sem amor, sem vontade de amar? E os que são feito eu? E os que sentem o que eu sinto? Não valem nada? Vejo muitos que morrem sem merecer, vejo muitos que sofrem sem merecer. Por que não morrem os que praticam injustiça? Por que não morrem os que estão contra Deus? Dá-se outra chance, e mais outra, e mais outra, até que não se reste mais nada, nada mesmo. Nada. Não se preocupe, você vai morrer um dia. Não terei a chance de te encontrar depois de morrer, ficarei sem saber o que se passa do mesmo jeito. Também não quero morrer agora, preciso abusar da vida. Eu sou um sujeito legal. Até agora nunca fiz uma boa ação, mas ainda sou um sujeito legal. Ainda quero juntar meus trapos dentro de uma mochila e sair por aí afora, quero conhecer o mundo. E nada mais, mais ninguém. Imagino-me morrendo antes dos sessenta, não desejo ultrapassar o tempo. Não quero morrer um velho nojento incapaz de subir algumas escadas, de fumar um cigarro, de ver ao longe; de subir num ônibus sem assistência, de ingerir bastante sal, bastante açúcar. E quem determina as coisas? Quem tem o poder? Deus! Sabe, Deus tá de mal comigo, estamos brigados. Estou sempre fazendo travessuras. Seria muito pedir para morrer? E que seja tudo escuro após a morte, que as coisas não se separem, que se acabem ali mesmo. Que não haja inferno ou qualquer outra coisa que me deixe pior do que estou. Porque eu não tenho medo da morte. É que ainda me falta coragem e disposição para tal questão...


Então, fiz uma micro lista das cinco coisas que apreciarei antes de morrer, antes dos meus sessenta:


1) as luzes do polar;
2) um natal em Nova Iorque, acobertado de neve;
3) um fim de semana nas florestas mais belas desse mundo;
4) o apocalipse de Seu João;
5) o amor.

Um comentário:

  1. hahaha
    obrigada, fico lisongeada!

    AH, adorei saber que queres apreciar o amor,
    mas, não apenas o aprecie como também, o SINTA!
    É a melhor parte.

    ResponderExcluir