terça-feira, 25 de outubro de 2011

Em qualquer outro corredor



Quando o vi, já era o mesmo: malandro, com os pés enfiados no chão. Deixei os costumes de lado, já tragava um cigarro de leve, somente para agasalhar o pulmão. Vasculhava a casa, escancarava as janelas, eu o sentia em qualquer brecha, nos desvios. Quando o vi, um beijo parecia-me hortelã, suas mãos arrancavam-me os cabelos, fio a fio. Acordávamos às seis, a caçoada lá fora: inclinavam-se as cabeças, os rostos franzidos, todos sobre nós. Quando o vi, aprendi a descer as escadas apressadamente, mas ainda com os pés enfiados no chão. Ainda o vejo, já cansei de o ver, já não aturo olhares. Olhar esbraseado, olhar incerto, olhar de macho. Entranhas afeminadas. E perguntam-me quem é o sujeito de quem tanto escrevo...


Só um segundo...






Tive que descer as escadas.

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