quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Quando a gente se conheceu


Quando a gente se conheceu, eu senti o perfume das flores que vinha dos teus olhos. Olhos famintos de amor. Sim, ele de novo. [o amor] Quando a gente se conheceu, eu pude ouvir um pouco de blues e tomar um gole de cerveja. Porque a cerveja se faz doce em meu ventre. Não há coisa mais amarga do que a cerveja e o coração. E ainda mais, eu pude abrir a janela e olhar em volta, não poluíram as ruas, nem as árvores ficaram secas. Até o carro do lixo deixou de passar às dez em ponto. E eu acordava e sorria, com um bom-dia agradável. Tudo era simples, em tudo eu achava a coragem. Eu me lembro de quando a felicidade passou por nós, de quando as coisas eram legais, das nossas andadas por rua afora, do medo da noite, do medo do fogo, do medo da Bíblia, de tudo o que era esplêndido. Também me lembro das cartas de amor jogadas ao vento, dos tapas na cara, do sangue escorrendo em minhas narinas das drogas que consumíamos juntos, eu e você e meio quilo de maconha, quer dizer, eu e você e nossa autonomia. Como a vida é engraçada, não é? Uma vez pobre, sempre pobre. Pobre de alma. Uma vez vagabundo, sempre vagabundo. E nada muda. Só o clima. Só sei que quando a gente se conheceu, o amor era o amor. O amor era a porra do amor, sem conflitos, sem perca de tempo e de juízo. Ah, o amor! Ele sempre me deixava daquele jeito, "vermelhin". O amor era para nós algo novo, sem muita importância. Algo passageiro, pensávamos. Até que um dia, o próprio amor te tirou de mim, te fez brisa em meu coração. E lá fui eu tentar tirar o meu coração do congelador, tentar esquentá-lo no forno. Nada mudou. Só o clima. Agora aquelas lembranças, aquelas do passado, são um conjunto de infelicidade. E minha vida já está acostumada com esses atos, são da sua própria criação. A vida não é bela, o mundo é de quem não sabe viver e o amor... o amor... o amor é o sentimento mais nobre e feio que eu já senti em toda a minha vida.

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